segunda-feira, maio 24

Alguém me salve de mim

 Sentimentos podem corroer a alma, sabia?
A sensação de abandono e desespero
O ciume e a vaidade
Quero sumir
Nao quero morrer, mas não sinto mais nenhum desejo de viver
Sinto-me apodrecer por dentro

Ja nem quero lutar
Não tenho mais forças pra empunhar minha espada,
Abro o peito e me dispo da armadura
Deixo então perfurar-me a lança
Minh'alma sangra
Sinto a dor

Só a dor me faz viver
Despojos que deixo no chão
Para dar de comer aos urubus
São ora o mais belo em mim
E ora meu maior demônio

Sou feito de alma
Pois da carne ja me desfaço
O coração empredra,
Ja não o sinto pulsar.

Alma viva
Sei que vive pela dor
Coração morto
Só pela dor também o sei.

terça-feira, abril 27

adeus

hoje foi se embora um grande amigo
não que alguém se importe
afinal, ele fez parte da minha historia
a historia que nunca ninguém teve interesse de escutar

hoje deixei-o ir
mesmo ele tendo me salvado a vida
mesmo ele tendo sido importante para mim
foi-se a ultima testemunha de uma pagina da minha vida que ninguém vai ler

hoje me despeço com pesar daquele que guardou meu corpo
aqueceu minha alma 
dividiu minha historia
secou minhas lagrimas e 
apagou meus rastros

vai-te amigo
só eu sei a dor e a angustia 
sentirei saudades
e quem sabe um dia poderei contar nossa historia

te tiraram dos meus braços
mas nunca o tiraram da minha memoria


segunda-feira, abril 26

Quarentando na quarentena

Quero me vestir
Não estou nú
Respiro, mas não sinto a vida em mim 
Esmoreço, caio, me dobro
Veias pulsam forte
Mas no vazio do meu peito,
Esse buraco negro que me assoma,
Nao sinto meu coração bater

Martela forte em minha garganta
O peso do tempo
Ouço chegar a quarta badalada
Meu ventre treme
Frio e pequeno
Como um medo que não sei do que.

Dentro da minha cabeça
Um turbilhão de desejos e lembranças
Sinto queimando o ar que me invade
Seco e puro
Como sólida brasa
que incandescente gela a goela
Como uma febre a me delirar.

A vida é  cara
Toda magia tem seu preço
O tempo cobra

So espero ter moedas o suficiente em minhalma para que o fio não se quebre

Um brinde...

quinta-feira, fevereiro 25

desalento

 imagino-me caindo

um poço fundo e escuro

não, não é ruim, é preciso

do fundo vejo a luz,

não alcanço.

longe, mãos surgem 

não alcanço.

os gritos surdos dos meus salvadores 

se ouve ecoando nas paredes,

não alcanço.

choro só, choro muito.

e o rio amargo que trago dentro de mim

transborda.

perdido em lágrimas, flutuo.

seco por dentro me salvo.

só, e apenas só 

me aninho em mim.

sem mais lágrimas a derramar

sorrio.

ao longe um acalanto se ouve

é o meu cantar sem voz

estico os dedos procurando afagar a dor

minha pele toca a tua

a dor some

e estampada a felicidade do encontro 

procura a dor 

não alcanço...