domingo, agosto 29

não tenho sede, mas minha boca está seca

o dia passou eu não te vi a pratica do não a fumaça do cigarro é amarga e branda e branca e seca e quando eu aspiro inspiro num quase suspiro ela se engolfa em mim e me acalma vejo céu azul longe e seco e opaco e brilhante vejo o sol veja o céu veja o sol veja a veja me veja pois veja é tempo de parar parar no tempo o tempo não para proclames e proclamas morra e deixe morrer sem culpa ou medo ou opio é óbvio e mórbido e é sujo é denso é igual a fumaça do meu cigarro filtro apagado no chão da sala de jantar onde se dorme e se brinca e se mata e se vive e se salva sem ressalva ou apego e desapego me desapego me desafio me amordaço me ato me enlato e me deterioro como os enlatados em lojas e enlatados mercado e supermercados e nas farmácias enlatados nos burbios e subúrbios e nos sobreburbios das nossas cidades e idades e nos campos e no campo e nas fazendas e no Japão que consome o mundo de dentro de suas pequenas latinhas de sardinha que nem peixe em conserva em conservação no prato bem conservado e bem temperado em suas redes que me alimentam e me nutrem e me matam e me consomem pelo meu consumo que consuma o sempre e eterno que não morre porque não vive não existe e não aparece e não me encara e se mascara numa máscara mascava de um açoite doido que te quer levando no lombo agora como se quisesse lembrar que na hora do castigo, alma é preto , vou tomar um vidro de agua sanitária pra ver se esse sacrifício lava minha alma e ela fica branca pra Deus me aceitar no paraíso e tudo e nado e eu tento e por mais que eu tente eu não consigo lembrar aquela frase...

quarta-feira, agosto 25

MUTE...

-EU QUERIA SER DEUS.
-DEUS?-
-EU PENSAVA QUE ERA CRISTO.
-CRISTO?
-EU PENSAVA QUE EU ERA CRISTO E QUE HAVIA VOLTADO.
-VOCÊ DESTA VEZ, NOS SALVARIA?
-EU ACHAVA QUE MINHA MÃE SABIA, MAS NÃO ME CONTAVA. ELA NÃO QUERIA ME PERDER PARA O MUNDO.
-SE EU FOSSE ASTRONAUTA, HOJE ESTARIA NA LUA. E A LUA ESTARIA ESCURA POR CAUSA DO ECLIPSE.

terça-feira, agosto 10

as cordas do teu cabelo




amarra em teus cabelos meus olhos
para que eu os tenha perto de teus pensamentos
e quando minha boca encostar na tua,
deixa o toque reverberar em teu hálito...
pois que meu ter é peixe
pois que teu ser é mar.

segunda-feira, agosto 9

Ver Melho

Livro entreaberto em mim
carne vermelha que sangra negro em entranhas minhas
aura adulta de uma selvageria quase infantil
rubro turvo, vermelho salgado, manto Del Rey de longe
que numa terra muito estranha, muito sua, muito púrpura
o canto alegre de uma cotovia triste, se fez (des)esperar
força que escorre, escarlate, entre dedos miúdos e areia fina.
Vem menina, brinca nos meus cabelos. Torna-te sol.
POis em ardência malte, vermelho esmalte, se eva-pó-ora no ar,
em cor,
em aço,
em ar-te.